quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

As influências negativas sobre a família do Novo Milênio

Refletir sobre o novo milênio é pensar em mudanças, desafios e oportunidades nas múltiplas áreas da vida em família. Toda mudança tem seus aspectos negativos e positivos, que devem ser confrontados e analisados para que as oportunidades sejam percebidas nos desafios. Nunca é demais afirmar que o novo milênio, em todos os seus aspectos, é desafiador para a família, para a igreja e para a sociedade.

 A Família e as Mudanças que Afetaram os Nossos Valores

 A revolução social ocorrida mexeu com as regras morais e éticas mais básicas. Por isso o homem não se cansa de explorar novos caminhos em seu sistema de valores. Os valores que deveriam ser a base da ordem social foram alterados: importância pessoal, ego, compromisso a curto prazo e qualidade; ceticismo quanto ao futuro, em relação a outras pessoas e instituições, desconfiança das tradições etc. Como nunca, o materialismo está em alta, o “ter” assumiu o lugar do “ser”. As pessoas são medidas e avaliadas pelo que se tem e não pelo o que se é. O compromisso está em baixa. No processo de redefinir o que conta na vida, muitos decidiram que o compromisso não é um dos seus maiores interesses. O casamento, o mais tradicional compromisso a longo prazo, está sendo realinhado através do divórcio e de outras propostas de família.

 Vejamos alguns sinais da diminuição dos compromissos na vida: Aumento da taxa de divórcio; o crescente número de adultos solitários, sem amigos, em relação a décadas passadas. É cada vez menor o número de pessoas que desejam se integrar como membro formal de organizações como igrejas, sindicatos, associações etc. O percentual de adultos que consideram lutar pela pátria como um dever, sem levar em consideração a causa, tem diminuído significativamente. É cada vez maior o número de pessoas que marcam compromissos e não os cumprem. Muitos pais, hoje, estão bem menos inclinados a acreditar que é importante permanecer num casamento infeliz, por causa dos filhos, do que há 40 anos.

 A exaltação do indivi-dualismo. Na busca perma-nente de experiências variadas, o homem exalta a individualidade e, em lugar de se associar a grupos e filosofias preestabelecidos, ele anda em cima do muro, entre diferentes grupos, e muitos se recusam a afiliar-se com quem quer que seja. Sem dúvida, o individualismo continua alimentando o desejo de controlar e de ter novas experiências, eis o grande desafio para a família cristã, que é fundamentada nos princípios de comunhão, unidade, parceria e cooperação.

 O Novo Milênio e o Formato das Novas Famílias

 Há uma grande diferença entre a família de hoje e a família tradicional de algumas décadas atrás. Pense em como era a família em um tempo em que não havia celular, microondas, TV a cabo, vídeo cassete, cd player, DVD, internete, vídeo game etc., onde só o pai trabalhava e a mãe ficava cuidando da educação e desenvolvimento dos filhos. Sem dúvida, a modernidade, nos seus múltiplos aspectos, é o fator central da vida da família de hoje. Por um lado, representa as grandes conquistas e avanços nas áreas de saúde, ciência e tecnologia, e, por outro, resulta como rápido e constante processo de desumanização, onde o homem e, conseqüentemente, a família perdem a cada dia sua identidade.

 No campo social, objetivamente, a família tem reduzido sua condição de paradigma sociológico e referência moral. A modernidade conseguiu fragmentar e pulverizar os elementos constitutivos da família, tais como afetividade, lealdade, fidelidade, relações profundas, ambiente gerador e formador de valores morais, éticos e religiosos. A família tem se deslocado do centro da sociedade.

 Uma grande parte dos lares é de “famílias misturadas” – lares onde as crianças de dois ou mais casamentos estão ligadas como resultado de recasamentos. Precisamos também lembrar dos filhos que nascem fora do casamento. Há uma estatística que afirma que, hoje, uma entre 15 crianças nasce fora do casamento. Outro fator relevante é o crescimento assustador do número de casais “amasiados”, pessoas que se unem informalmente e dão início a uma família, muitas vezes disfuncional.

 A mulher de hoje acredita que é direito seu ser mãe e, ao mesmo tempo, uma mulher de carreira, assim como ter um relacionamento de casal sem conflitos e tensões. Se o seu casamento apresenta tais pressões, a mulher se sente livre para terminar este relacionamento, e levar junto seu filho. O aumento, em número e freqüência, do divórcio e das mulheres que trabalham, tornou as creches, em muitos lugares, um negócio lucrativo. Hoje, o objetivo da maioria dos pais (homens e mulheres) é ter realização pessoal a todo custo, sem importar se estão ou não negociando princípios inegociáveis.

 A revolução sexual e a postura dos pais em relação aos filhos. Na revista Época n./ 206, a jornalista Edna Dantas, fez uma matéria com o titulo: “Licença para fazer sexo na casa dos pais”. Ela começa seu texto dizendo que: “uma jovem gaúcha C.K., ao fazer 18 anos, não ganhou um carro, como é costume entre as famílias de classe média alta. Seu pai, empresário, e sua mãe, cirurgião-dentista, preferiram dar-lhe algo mais útil – uma cama de casal, acompanhada da autorização para dormir em casa com o namorado”. O Ibope mostra que um em cada três adolescentes de classe média tem permissão para dormir com o(a) namorado(a). Segundo uma pesquisa, nos anos 70, a primeira relação sexual ocorria aos 20 anos de idade, hoje ocorre entre os 13 e os 16 anos.

 O que antes era abominável, pecaminoso, vergonhoso, impróprio, indecente e reprovável, até mesmo entre os que estavam fora do contexto evangélico, hoje é tido como moderno, legal, seguro e sinal de maturidade etc. O pior disso tudo é que muitos filhos e pais, mesmo dentro da igreja evangélica, estão pensando do mesmo modo. Esses em vez de ser “sal da terra” e “luz do mundo”(Mt 5), estão sendo “terra da terra” e “mundo do mundo”. Esse é o grande desafio para família cristã no novo milênio: educar os filhos na disciplina e admoestação do Senhor (Ef. 6:4) preservando-os moralmente, em meio a toda essa pressão da sociedade descomprometida com princípios, onde os valores estão deturpados.

 A verdade é que a família hoje se comporta de maneira diferente de como se comportava no passado. Pais e filhos passam menos tempo juntos. É mais provável que façam as refeições fora de casa. As férias são mais curtas e, geralmente, não inclui todos os membros da família. Em geral, o entretenimento proporcionado pela modernidade tecnológica ocupa toda a família durante o tempo em que estão em casa. O pai assiste ao jornal, a mãe acompanha a novela, o filho joga vídeo game, a filha navega na internet e o mais novinho assiste seu desenho preferido. É hora de dormir, e ninguém praticou o diálogo, a comunicação, a comunhão – ficaram entretidos, o tempo foi roubado e a família ficou um pouco mais empobrecida. Esse é o processo de esvaziamento da relação de família, que quase sempre desemboca na falência do relacionamento. O fracasso de muitas famílias, em função deste esvaziamento, onde os valores básicos foram perdidos, proporcionou o crescimento do alcoolismo, do abuso de drogas, do abuso físico, do suicídio, da depressão e da promiscuidade sexual etc.

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